quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Rescaldo JMJ'11

Cuatro Vientos, 21 de Agosto

Depois da minha primeira Jornada Mundial da Juventude aprendi que nem tudo o que sei é uma verdade absoluta, que as grandes dúvidas dão origem a grandes respostas e que, ao longo da vida me vou cruzar com pequenas indecisões que podem mudar o meu futuro.
Ir às JMJ foi a primeira prova de que a minha fé não se podia resumir a ter grandes dúvidas e pequenas certezas.
Aceitei o desafio de mostrar a firmeza da minha fé com receio de não conseguir alcançar o que Deus esperava de mim. Contudo, após este balanço inicial apercebi-me de que não estava sozinha e que comigo estariam milhares de jovens, a caminhar com as suas dúvidas, à procura de Deus... à procura das respostas.
Assim fui passando o tempo de preparação, os encontros, os meses, as semanas e os últimos dias. Sabia que a minha vida ia mudar mas não imaginava a amplitude deste evento.
Participar na Jornada com um grupo que não me pertencia, numa diocese que não é a minha, foi mais um aspecto interessante, uma vez que me senti completamente integrada e fui "vestindo a camisola" com muito orgulho.
De dia para dia reconheci a presença de acções de Deus nos gestos de quem nos acompanhou e a estadia no Colégio das Irmãs Augustinhas em Talavera foi a revelação de muitos tesouros.
O acolhimento superou as minhas expectativas e tive todas as comodidades que o comum "peregrino" não tem.
À ida para Toledo (fim das pré-jornadas) fui recordando os momentos de enorme graça que tinha vivido ao longo da extraordinária semana.
A presença em Toledo foi curta mas bastante intensa!
Tivemos oportunidade de ir a um feira jovem com os 15 000 jovens que lá estavam a fazer as pré-jornadas. Foi a primeira sensação de multidão nas Jornadas. Via-se gente de todos os cantos do mundo, gente feliz, prestável e sempre disposta a partilhar uma música ou a trocar algo simbólico do seu país. Fiquei de coração cheio e imaginei que em Madrid fosse 10 vezes mais emocionante.
Na chegada a Madrid deparei-me com mais pessoas, mais países, mais confusão, mais sorrisos, mais barulho, mais músicas, mas... senti que, de certa forma, o espírito se começava a perder na imensidão de coisas a fazer ao mesmo tempo.
Dar prioridade a Deus e às celebrações religiosas foi talvez o grande obstáculo desses dias...
Durante a nossa permanência em Madrid fomos ao encontro de 14 000 portugueses como nós e foi mais um marco importante na minha vivência. Saber que num país tão pequeno há ainda jovens capazes de seguir Cristo e afirmar a sua fé...
Já no final da semana em Madrid, com banhos mal tomados e noites mal dormidas achei-me capaz de ficar ali para sempre, a partilhar um pavilhão com 800 pessoas. O que recebia a cada dia compensava toda a desorganização e sobravam forças para "dar um pouco mais" de mim a quem se cruzava no meu caminho.
Nos últimos dois dias sabia que as dificuldades iam ser maiores pois iria partilhar um "quarto" a céu aberto com um milhão e 800 mil jovens.
Todavia, assim que cheguei ao local dei por mim sem as mínimas condições e isso fez com que viessem à superfície as minhas dúvidas mais profundas, se valeria ou não a pena aceitar aquela situação.
Consegui ultrapassar os problemas e perceber que a maior provação que temos na fé é a nossa saída do patamar de conforto.
Quando estamos livres de todas os benefícios estamos mais perto do essencial e, por isso, mais próximos de Deus.
Foi, sem dúvida, uma aventura marcante na minha vida cristã e na minha forma de enfrentar o dia-a-dia.
Agora sim, firme na fé, enraizada e edificada em Cristo!